Em 2014,
Pernambuco notificou 12 casos de microcefalia. Nos últimos cinco meses, o
Estado registrou 1.236 bebês com suspeita da malformação, o que representa um
aumento de 10.200% em comparação ao total de 2014, quando a anomalia estava
relacionada a infecções como rubéola, citomegalovírus e toxoplasmose. Desde a
observação da mudança no padrão de ocorrência da microcefalia a partir de
agosto de 2015, os casos aumentam a cada semana, embora os especialistas
estejam percebendo uma queda no percentual de aumento.
“Houve um
crescimento de 4,3% da última semana, quando Pernambuco registrava 1.185 casos
de microcefalia, para agora, com 1.236 notificações no Estado. Não percebemos
neste momento um avanço como no início das notificações. Há semanas em que o
percentual de aumento é maior; em outras, menor”, diz o gerente de Informações
Estratégicas da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Romildo Assunção. Para ele,
ainda é cedo para fazer uma análise global sobre as variações. “Diante das
oscilações no percentual de aumento de casos a cada semana, observamos que a
situação ainda não está estável.”
O número de
notificações em Pernambuco (1.236) representa 35% do total registrado em todo o
País, que soma 3.530 casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus zika,
segundo boletim epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Em
seguida, estão os Estados da Paraíba (569) e Bahia (450). Entre os 1.236 bebês
notificados em Pernambuco, 37,3% atendem aos parâmetros da Organização Mundial
de Saúde (OMS) para a anomalia congênita, que identifica a malformação em bebês
com perímetro cefálico igual ou menor que 32 centímetros. Após realização de
exames de imagem (tomografia), o Estado confirmou 103 casos com microcefalia
sugestiva de causa infecciosa, e 87 foram descartados.
Além disso, já estão
registrados em Pernambuco três casos de bebês natimortos e três que vieram a
óbito logo após o nascimento (desses, quatro estão dentro dos parâmetros da OMS
para microcefalia).
O boletim do
Ministério da Saúde também traz os resultados da investigação laboratorial de
quatro casos de óbitos, ocorridos no Rio Grande do Norte com a malformação
congênita, que tiveram a relação com o vírus Zika confirmada. Esses casos
estavam sendo investigados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos
Estados Unidos (CDC), que enviou os resultados ao ministério.
Dois desses casos
são abortamentos e dois recém-nascidos a termo (37 a 42 semanas de gestação)
que faleceram nas primeiras 24 horas de vida. As amostras foram positivas no
teste laboratorial de PCR para vírus Zika. Além disso, as amostras de tecido de
ambos os recém-nascidos foram positivas no teste de imunohistoquímica,
realizada pelo CDC. Para o ministério, esses resultados somam-se às evidências
obtidas em 2015 e reforçam a hipótese de relação entre a infecção pelo vírus Zika,
a ocorrência de microcefalia e outras malformações congênitas. No entanto, a
pasta reforça a necessidade de prosseguir com as investigações sobre o
assunto.