Após uma visita ao
museu de Luiz Gonzaga na cidade natal do artista, em Exu (PE), em 2013, o
cearense Pedro Lucas Feitosa, 10, decidiu criar seu próprio espaço dedicado ao
“Rei do Baião”. Assim surgiu, no município de Crato (CE), em pleno sertão
do Cariri, o Museu do Luiz Gonzaga, onde o menino reuniu peças que remetem à
vida do cantor.
O museu fica na sala
da casa da bisavó de Pedro, já falecida. Fã de Gonzagão desde que tinha cinco
anos, o garoto conta que, quando teve a idéia de abrir o espaço, já foi logo
levando os objetos para o local sem consultar os pais. “Eu sou assim mesmo, nem
falo com as pessoas antes de fazer”, brinca.
No acervo, Pedro não
tem nada que efetivamente tenha pertencido a Luiz Gonzaga. Seu critério é
encontrar objetos antigos, que façam parte da cultura da região ou que remetam
à obra do cantor, como sanfonas, máquinas de costura, máquinas de escrever e
folhetos de cordel.
Seu amor por
Gonzagão começou em uma festa de sua escola, no dia de São João. O menino
chegou cantarolando músicas do artista, embora nem soubesse a autoria. Então,
uma tia percebeu seu interesse e deu a ele uma coletânea de músicas de Luiz
Gonzaga. Pedro conta que sua canção preferida é “Numa Sala de Reboco”. “Ela tem
uma coisa que me contagia”, diz.
ACERVO – O
primeiro objeto do museu foi uma máquina de costura, e desde então, o acervo
vem crescendo por meio de doações. Pedro lembra que o projeto ficou conhecido
pelas pessoas da região depois de ser anunciado durante uma festa da igreja
local. “O pessoal aqui da comunidade sabe do museu e vem falar comigo para doar
coisas”, diz.
O garoto também
consegue doações pela internet, onde divulga sua história por meio de uma
página no Facebook. Ele explica que, para que as peças sejam aceitas, elas
devem ser antigas e remeter à região nordestina.
A rotina do menino é
toda dedicada ao museu. Quando os visitantes chegam, ele faz a função de guia e
explica a história das peças e do ídolo Luiz Gonzaga. Enquanto está na escola,
no período da manhã, o pai assume a tarefa. “Mas o meu pai não sabe explicar
tão bem”, revela.
Cuidar do museu é um
dos passatempos prediletos. “Às vezes eu deixo de ir na escola para ficar no
museu, mas minha professora briga”, conta o garoto, que está no sexto ano do
ensino fundamental. Para organizar o espaço, ele também tem a ajuda do primo
Kaio Emerson, 8.
Seu objeto preferido
é uma sanfona quebrada, que ele espera substituir por uma nova algum dia. “Essa
sanfona foi doação, é só de brincar. Mas é a peça de que eu gosto mais”,
afirma.
Assim como Luiz
Gonzaga, Pedro toca triângulo e também quer aprender a tocar sanfona. Com o
sucesso do museu, ele diz que tem planos para expandir o espaço. “Hoje o museu
é só na sala de casa, mas vamos tentar aumentar”, conta.