Em entrevista
coletiva na manhã desta quarta-feira, representantes da força-tarefa que
integram a Operação Lava-Jato informaram que a 22ª fase das investigações
revela que uma das empreiteiras investigadas, a OAS, teria se utilizado de um
empreendimento imobiliário para repasse disfarçado de propina a agentes
envolvidos em esquema de propina da Petrobras.
Um dos apartamentos
investigados hoje, segundo a Polícia Federal, está ligado a familiares do
ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto. Vaccari, que
já presidiu a Bancoop, foi preso pela Lava-Jato em 2015 e está detido no
Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, no
Paraná.
O procurador Carlos
Fernando dos Santos Lima disse que apartamentos no valor de R$ 1 milhão, R$ 1
milhão e meio têm valor relacionado de cerca de R$ 200 mil. Agora se investiga
se isso está sendo usado para lavagem de dinheiro oriundo de irregularidades na
Petrobras.
O procurador Carlos
Fernando dos Santos Lima também disse que manter off-shores no exterior não é
ilegal, mas fazê-lo sem informar à Receita normalmente indica lavagem de dinheiro.
A operação de hoje
foi batizada de Triplo X e tem como alvo investigados suspeitos de abrir
empresas offshores e contas no exterior para ocultar e disfarçar o crime de
corrupção com o pagamento de propina.
A ação também mira
negócios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop),
relacionados a apartamentos que não foram entregues e são de propriedade da
empreiteira OAS .
Segundo o Ministério
Público Federal (MPF), a empreiteira OAS participava do chamado “clube” de
empresas que, por meio de um cartel, fraudava as licitações da Petrobras. Para
conquistar os contratos, as empresas pagavam propina a diretores da Petrobras e
a partidos políticos, com a intermediação de operadores.
Um dos focos desta
fase da Lava-Jato é a empresa Mossack Fonseca, utilizada para abrir offshores.
A polícia apura se a empresa abriu offshores para esconder a propriedade de
apartamentos que eram da Bancoop e depois foram assumidos pela OAS.
A publicitária Nelci
Warken, que prestou serviços de marketing à Bancoop , foi presa em São Paulo na
manhã de hoje. Nelci é suspeita de atuar como “laranja”, segundo o procurador.
Carlos Fernando dos Santos.O procurador disse também que tem indicativos da
atuação da publicitária, mas não dos nomes das demais pessoas envolvidas.
Além de Nelci, foram
presos na manhã de hoje Ricardo Honório Neto e Renata Pereira Brito, todos
ligados à Mossack Fonseca. Eliana Pinheiro de Freitas e Rodrigo Andres Cuesta
Hernandez tiveram prisões coercitivas, quando a pessoa é obrigada a prestar
depoimento.
Apartamento de Lula
O procurador Carlos
Fernando dos Santos afirmou que não há nenhuma prova de que um dos apartamentos
pertence ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O procurador Lima disse
que há “notícias de jornal” de que a família de Lula está desistindo da opção
de comprar um imóvel. “Essa questão nós estamos investigando mais a fundo”,
disse.