A ex-senadora e
ex-candidata à Presidência da República Marina Silva afirmou neste domingo (17)
que o presidencialismo de coalizão está “no fundo do poço” no Brasil e que
atualmente não há condições de recompô-lo devido a “uma pessoa que não tem
liderança própria”. A afirmação de Marina foi feita sem citação nominal de quem
seria a pessoa que “não tem liderança”.
Marina, que é uma
das fundadoras da Rede Sustentabilidade, se reuniu em Brasília com a cúpula do
partido para discutir a conjuntura política do país e definir quais temas que
deverão orientar os debates do congresso nacional da legenda, em março.
“O presidencialismo
de coalizão está no fundo do poço. Começa com duas figuras fortes, que
conseguiram de alguma forma implementar suas agendas, os ex-presidentes
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobretudo em
seus primeiros mandatos. Mas, com uma pessoa que não tem uma liderança própria
no processo político, esse presidencialismo não consegue, nessas bases, se
compor para ter qualquer tipo de liderança”, afirmou Marina, sem explicar que
sistema propõe.
“O que prevalece é
uma fragmentação, presidencialismo de confusão e de completa desmoralização,
que hoje prejudica liderar uma saída ou transição para o país”,
completou. A ex-senadora que disputou as eleições presidenciais com Dilma
em 2010 e em 2014 também disse haver descrédito da população em relação à
política.
“Estamos vivendo uma
das piores crises que o nosso país já atravessou. Estamos diante de uma crise
política sem precedentes, uma falta de perspectiva da política do ponto de
vista da representação, das instituições, de uma situação de descrédito por
parte de uma boa parte ou da maior parte da sociedade em relação ao que está
acontecendo na política pelo agravamento das denúncias de corrupção que ocorrem
a cada dia”, declarou.
Marina também
afirmou que a sigla defende a continuidade do processo que corre contra Dilma e
o vice-presidente Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a partir
de ação do PSDB, mas voltou a dizer que a Rede é contrária ao processo de
impeachment aberto contra Dilma na Câmara dos Deputados.
A ação do PSDB no
TSE acusa Dilma e Temer de abuso de poder político nas eleições de 2014, abuso
de poder econômico e fraude. O processo de impeachment aberto na Câmara
foi interrompido após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e não há
data prevista para a continuidade da tramitação. Segundo Marina, a Rede defende
que o processo no TSE tenha o suporte da Lava Jato, com a inclusão de
informações identificadas na operação.