Os cortes no
orçamento do Estado, ainda não detalhados pelo Governo de Pernambuco, atingiram
os serviços prestados à população, como a Saúde, embora o secretário da
Fazenda, Márcio Stefani, incumbido da missão de anunciar a ampliação dos cortes
em R$ 600 milhões, no último dia 24 de agosto, ter garantido que as áreas
essenciais à população seriam preservadas.
Levantamento
realizado pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), recebido pela
Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco, faz um raio-X da
saúde pública do Estado. “Segundo o relatório, 60% das cirurgias eletivas estão
sendo suspensas por falta de fios, materiais cirúrgicos e antibióticos. Isso
reforça a necessidade urgente de se encontrar saída para a área de saúde”,
destacou líder da Bancada de Oposição, Silvio Costa Filho (PTB).
O parlamentar
ocupou, na tarde desta terça (15), mais uma vez a tribuna do plenário da Alepe
para denunciar o descaso do Governo com a saúde do Estado e cobrar a
apresentação de medidas concretas para solucionar a situação enfrentada pela
população. “Diante desse quadro, não dá para apenas repassar as
responsabilidades para o Governo Federal. Devemos evitar esse debate inócuo e
procurar alternativas. Se é pra se corta verba, que se corte de uma obra, que
pode esperar mais um ano, e não de uma cirurgia ou do atendimento à população”,
criticou.
Embora o Governo do
Estado atribua a crise na saúde do Estado ao corte nos repasses da União, o
presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, afirma que não está claro se essa
situação se deve, de fato, aos cortes do Governo Federal ou ao Governo do
Estado. Lobo cita como exemplo o Hospital Regional de Palmares, que atrasou o
pagamento aos profissionais de saúde embora os repasses da União estejam sendo
feitos. “Nesse caso, o problema é a falta de repasse do Estado ao gestor do hospital,
o Hospital Maria Lucinda. Quando foi para inaugurar, não faltou quem quisesse
assumir a paternidade das obras. Agora, que faltam recursos, a culpa é sempre
do outro”, comparou.
Para o deputado
Edilson Silva (PSOL), o que o relatório do Simepe deixa claro é que falta
gestão política ao Governo do Estado. Área em que o governador Paulo Câmara já
demonstrou ser completamente inábil. “Temos exemplos de problemas em várias
áreas, mas quando falamos na saúde a situação é sempre mais preocupante”,
reforçou.
Os dados
apresentados pelo Simepe revelam ainda demissões de médicos nas UPAs da
Imbiribeira e do Cabo, além de expectativa de futuras demissões nas unidades dos
Torrões e Sotave, em Jaboatão. As restrições financeiras também resultaram no
fechamento das pediatrias das UPAs do Cabo, Imbiribeira, Jaboatão, Olinda e
Torrões.
Segundo a deputada
Teresa Leitão (PT), o que chama a atenção nesses dados é o fato de o Simepe ter
respaldado o programa de saúde do Estado nos dois governos de Eduardo Campos.
“O fato de as críticas terem chegado a esse ponto mostra que a saúde do Estado
está, mesmo, a caminho da UTI”, afirmou.
O estudo também
revela, como fato preocupante, o fechamento de diversas UTIs nos hospitais
pernambucanos, a exemplo da UTI 2 do Hospital Getúlio Vargas; UTI Coronariana
do Hospital Agamenon Magalhães; UTI 3 do Hospital Metropolitano Miguel Arraes;
além de dez leitos de UTI adulta no Hospital Barão de Lucena. Vale lembrar que
estes hospitais atendem à população não só do Recife e Região Metropolitana, mas
também de todo o interior do Estado.
No Hospital Miguel
Arraes, uma das marcas do Governo Eduardo Campos, houve ainda a demissão de
sete radiologistas do plantão noturno e redução do plantão desses profissionais
de 24 horas para 12 horas diurnas. “Infelizmente estamos assistido a uma
situação de calamidade e, se nada for feito, até o fim do ano vamos sofrer com
o colapso da saúde do Estado. Além de não apresentar nada novo, o governador
Paulo Câmara não está conseguindo sequer, manter os serviços herdados de seu
padrinho político”, avaliou Costa Filho.