Em parecer enviado
ao STF (Supremo Tribunal Federal), o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, se manifestou nesta sexta-feira (25) a favor de que o tribunal autorize
a Polícia Federal a ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na
condição de testemunha, em inquérito que investiga políticos com mandato no
esquema de corrupção da Petrobras.
A decisão final será
do ministro Teori Zvascki, relator da Lava Jato. A tendência é de que ele
acolha a manifestação da Procuradoria.
A solicitação foi
feita pelo delegado da Polícia Federal Josélio Azevedo de Sousa solicitou que o
ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido em inquérito
no STF que trata de parlamentares com foro privilegiado como desdobramento da
Operação Lava Jato.
Em seu relatório, o
delegado da PF afirma que, apesar de não haver provas do envolvimento direto de
Lula, a investigação “não pode se furtar” a apurar se o ex-presidente foi ou
não beneficiado pelo esquema na Petrobras.
O delegado cita que
o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa
“presumem que o ex-presidente tivesse conhecimento do esquema de corrupção”,
tendo em vista “as características e a dimensão” do caso. Mas frisa que ambos
não dispõem de elementos concretos que impliquem a participação direta do então
presidente Lula nos fatos.
Costa afirmou em um
de seus depoimentos que, “em razão da envergadura do esquema de corrupção
montado na Petrobras, acha muito pouco provável que tanto Lula quanto Dilma não
tivessem conhecimento”.
Um pouco antes,
porém, no mesmo depoimento, Costa reconheceu que “jamais tratou” de propina com
eles.
Em seus depoimentos,
Youssef também não ofereceu provas objetivas sobre o suposto papel de Lula. Ele
disse que “tanto a presidência da Petrobras quanto o Planalto tinham
conhecimento da estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no
âmbito da estatal”. Logo em seguida, no mesmo depoimento, o doleiro reconhece
“não dispor de nenhum elemento concreto que permita confirmar tal suposição”.
A investigação que
tramita no STF não tem qualquer relação com outro procedimento aberto no
Ministério Público do Distrito Federal que apura a suposta participação de Lula
na concessão de empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social) para a Odebrecht, uma das empresas que, segundo as
investigações, integraram cartel na Petrobras.
Da Folhapress