Resultados
preliminares de exames feitos em dois fetos com microcefalia trazem fortes
indícios de que houve infecção por zika vírus, apurou o Estado. Os testes foram
feitos a partir da análise de líquido amniótico de dois bebês de Campina
Grande. O material foi coletado pela neuropediatra Adriana Melo, que vem
acompanhando desde o início do surto casos de paciente com a malformação. A
análise foi feita no Laboratório da Fiocruz, do Rio.
A confirmação do
resultado é aguardada para esta terça-feira, quando o Ministério da Saúde deve
apresentar números atualizados do surto. Até sexta-feira, haviam sido
contabilizados pelo menos 250 casos da doença nos Estados de Pernambuco,
Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí.
Questionado sobre a
análise da Fiocruz, o Ministério da Saúde não confirmou a informação. Afirmou
em nota não haver análises finalizadas e que qualquer conclusão neste momento é
precipitada “Todas as hipóteses serão minuciosamente avaliadas para não se
incorrer em erro”, informou a pasta. Para alguns especialistas ouvidos pelo
Estado, seria necessário a avaliação de um número maior de exames para poder
fazer com segurança uma conexão entre a infecção do zika vírus e o aumento de
casos de microcefalia. Dois exames em meio a um grande número de pacientes não
seriam suficientes.
O aumento de
microcefalia nos Estados do Nordeste começou a ser notado em agosto. Em
Pernambuco, o número de nascimentos contabilizados este ano é 15 vezes maior do
que a média anual registrada no período 2010-2014. Exames preliminares feitos
nas gestantes e nos bebês não indicou, até agora, uma forte relação entre a
microcefalia e infecções que tradicionalmente provocam esse tipo de
malformação, como toxoplasmose, citomegalovírus. Pesquisadores começaram a
levantar a hipótese de relação com o zika vírus diante dos relatos das
gestantes.
Boa parte delas
informou ter apresentado febre baixa, coceiras e vermelhidão (sintomas
clássicos de zika) nos primeiros meses de gravidez. Tais manifestações
ocorreram justamente no período em que Estados do Nordeste enfrentavam epidemia
por zika vírus – um arbovírus, transmitido pela picada do mesmo vetor da dengue,
o Aedes aegypti. Mostras de sangue das gestantes e dos bebês com microcefalia –
um malformação até agora rara, que pode levar à deficiência mental, crises de
epilepsia, problemas de coordenação, audição e visão – tentam identificar as
causas da doença.