A CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta-feira (26) indicação
para a recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao cargo.
Janot foi aprovado por 26 votos a favor e 1 contra. Agora, a indicação de Janot
será votada pelo Plenário do Senado. Para ter a indicação aprovada, o
procurador precisa do voto favorável de 41 dos 81 senadores.
A sabatina de
Rodrigo Janot foi marcada por um clima de aparente tranquilidade quebrada
apenas pela participação do senador Fernando Collor (PTB-AL), desafeto de
Janot. Ao longo da sabatina, o principal tema foi a operação Lava Jato, que
investiga desvios de recursos da Petrobras.
Janot negou a
existência de um “acordão” com o governo para proteger políticos suspeitos de
envolvimento no esquema da Lava Jato. Entre os supostos protegidos estaria o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), investigado no STF (Supremo
Tribunal Federal) por seu possível envolvimento na Lava Jato.
“Eu nego
veementemente a possibilidade de qualquer acordo que possa interferir nas
investigações”, afirmou Janot.
O procurador-geral
também foi questionado sobre a validade das delações premiadas que servem de
base para parte das investigações da operação Lava Jato.
Ele disse que as
delações, por si só, precisam ser acompanhadas de evidências dos crimes
denunciados. Janot defendeu as delações e disse que os delatores, entre eles os
doleiros Alberto Youssef, não são “X-9″.
“O colaborador não é
um dedo-duro. Não é um X-9″, disse Janot.
O embate com o
senador Fernando Collor foi o momento mais tenso da sabatina. Na última
segunda-feira (24), Collor usou a tribuna do Senado para criticar Janot e
chama-lo de “fascista”. Na semana passada, a PGE denunciou o senador ao STF por
seu suposto envolvimento no esquema da Lava Jato.
Collor questionou
Janot sobre contratos firmados pela PGR com empresas de mídia e sobre a suposta
proteção que Janot deu a seu irmão nos anos 1990, procurado à época pela
Interpol, e o acusou de ser um “catedrático” em promover vazamentos de informações
das investigações da operação Lava Jato.
Janot chegou a
levantar a voz contra Collor quando o senador tentou lhe interromper. “Queria
ter meu direito de manifestação assegurado”, disse Janot sobre os vazamentos.
Ao falar dos
contratos com a empresa de mídia Oficina da Palavra, que segundo Collor, seriam
irregulares, Janot negou que a contratação seja ilegal.
Ao falar sobre o
irmão procurado pela Interpol, Janot se mostrou irritado. “Eu não vou me
referir a esse episódio em respeito aos mortos. Não participarei dessa exumação
pública que se quer fazer de um homem quem nem sequer pode se defender”,
afirmou.
Outro investigado
pela operação Lava Jato, Lindbergh Farias (PT-RJ), questionou o
procurador-geral da República sobre os motivos que, segundo ele, investigações
contra o PSDB não tinham o mesmo tratamento que aquelas contra o PT.
Janot refutou a tese
de Lindbergh. “Não temos nenhum preconceito ou ideia pré-ordenada de investigar
um e não investigar outro. O que se procura aqui é o saneamento da corrupção no Brasil”, disse Janot.(Do Uol)