A Previdência Social tem as contas no azul
em apenas 60 municípios brasileiros. Em todas as demais 5.510 cidades do País
as despesas superam a arrecadação.
Enquanto
o déficit da Previdência cresce e brasileiros começam a discutir a reforma da
aposentadoria, dados do governo mostram que 98,9% das localidades terminaram
2015 com saldo negativo.
A região
do ABC Paulista, berço do sindicalismo e de movimentos trabalhistas, lidera o
ranking do rombo do Brasil, com Santo André no topo: os pagamentos do INSS aos
aposentados no município superaram a receita obtida com os trabalhadores em R$
1,773 bilhão. Em seguida, está a vizinha São Bernardo do Campo, com R$ 1,459
bilhão.
Os
números sobre o fluxo de caixa do regime geral da Previdência Social na esfera
municipal revelam que o desequilíbrio nas contas é amplo e irrestrito: atinge
áreas urbanas e rurais, grandes e pequenas localidades e afeta todas as
regiões.
As contas
estão no vermelho desde grandes capitais, como Salvador, até as menores
localidades, como Coxixola, na Paraíba, onde há só dois aposentados. Em 2015, o
sistema previdenciário brasileiro amargou déficit de R$ 85,8 bilhões. No ano
passado, até outubro, o rombo já somava mais de R$ 120 bilhões.
Ainda que
o déficit seja visto em todo o País, o fenômeno é mais evidente nas grandes
cidades das regiões metropolitanas. Dos dez maiores déficits em 2015, seis têm
essa mesma característica: além de Santo André e São Bernardo, Duque de Caxias,
São Gonçalo, Niterói e Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio. “São municípios
com histórico industrial muito forte e que tiveram redução desse parque”, diz o
diretor do Departamento do Regime Geral de Previdência Social, Emanuel Dantas.
Desde a década de 1980, regiões metropolitanas perderam fábricas para o
interior.
Santo André,
por exemplo, já chegou a ser o segundo município paulista com mais empregos
industriais – atrás apenas da capital – na década de 1970 e início dos anos
1980. Em 2015, a cidade apareceu em um modesto 13.º lugar no ranking do emprego
industrial no Estado.
Quando o
poder econômico diminui, a arrecadação com a contribuição previdenciária cai.
Para piorar, muitos trabalhadores que estavam no mercado de trabalho no boom
econômico da indústria na década de 70 já estão aposentados. Assim, cai a
arrecadação, sobem as despesas da Previdência e a conta não fecha.