O descaso
se encontra no município de Salgueiro, no sertão de Pernambuco. É ali, não
muito longe do centro da cidade, que duas obras bilionárias, anunciadas como
promessas de um desenvolvimento que ainda não veio, se entrelaçam.
Os
trilhos da ferrovia Transnordestina passam por sobre o canal da transposição do
Rio São Francisco. Uma obra para integrar e fortalecer a economia do Nordeste.
A outra, para vencer a seca. As duas orçadas em mais de R$ 20 bilhões. Ambas
paradas.
No caso
da Transnordestina, o problema é mais grave. De acordo com o Tribunal de Contas
da União (TCU), o contrato atual da obra previa que a ferrovia deveria ter sido
concluída no fim de janeiro. Em uma década, no entanto, apenas 600 quilômetros
de trilhos foram colocados de 1.753 da extensão total.
Uma
imagem aérea do canteiro industrial dá a dimensão do abandono e revela o trecho
exato em que Transnordestina e transposição se cruzam. De um lado, correm os
trilhos com cinco locomotivas estacionadas. Um espantalho faz as vezes de
segurança no posto avançado de vigilância.