Com seu périplo por Brasília, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Carlos Eduardo Thompson Flores, contribuiu para o acirramento dos ânimos em relação ao julgamento do recurso da defesa do ex-presidente Lula no processo a respeito de um apartamento no Guarujá. Esse julgamento está marcado para a próxima semana, dia 24, em Porto Alegre.
Ao procurar autoridades federais, batendo à porta do Supremo Tribunal Federal, Thompson Flores dá um ar de gravidade ainda maior às ameaças que ele diz que os desembargadores vêm sofrendo. Como presidente do TRF-4, ele tem poder para pedir reforço da segurança individual dos desembargadores e também do prédio do tribunal.
O governo federal já recusou um pedido indevido e irresponsável do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Jr., para envio de tropas federais à capital do Rio Grande do Sul. Auxiliares do presidente Michel Temer dizem que o general Sérgio Etchegoyen, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, almoçou ontem com Thompson Flores e não viu justificativa para nenhuma ação de segurança de iniciativa do governo federal.
Ou seja, todas as medidas de segurança podem ser solicitadas às autoridades do Rio Grande do Sul, como as polícias Civil e Militar. Também podem ser solicitadas medidas de apoio à Polícia Federal, que tem uma superintendência no Estado. Não há necessidade de intermediação do Palácio do Planalto.
Até comunicados ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça), presidido por Cármen Lúcia, com quem Thompson Flores se reuniu anteontem, poderiam ser feitos diretamente ao departamento do órgão que trata da segurança de juízes. O périplo de Thompson Flores só ajuda a criar alarde. Só produz mais barulho numa hora em que o presidente do tribunal deveria ser o primeiro a agir no sentido contrário. Deveria ajudar a serenar os ânimos, mas foi em busca de palco federal.