Alguém já disse que a verdade é algo tão precioso que
às vezes precisa ser protegida por uma escolta de mentiras. Ao discursar no
megacomício que Lula realizou na cidade de Monteiro, no Cariri da Paraíba, o
anfitrião Ricardo Coutinho (PSB), governador paraibano, disse o seguinte:
“Aqui, no território
livre da Paraíba, o povo sabe o que é verdade, o povo tem a coragem de ir às
ruas. […] Eu agradeço aos meus companheiros, prefeitos aqui da região. Botaram
a mão na massa. Fizeram, efetivamente, de burro, de carroça, de carro, de
ônibus, de qualquer jeito criaram as condições para que muita gente estivesse
aqui. Não foi gasto um centavo de dinheiro público, não foi gasto nada, a não
ser o sentimento de gratidão que o nosso povo tem.”
Coutinho revelou-se um
grato cego. Não viu a superestrutura ao redor. Entre outros itens, o aparato
montado para Lula reinaugurar o pedaço da obra da transposição do Rio São
Francisco que Michel Temer já havia inaugurado há nove dias incluiu: o
palanque, a tenda, o equipamento de som, as grades de proteção e uma frota de
ônibus para levar aclamação até os ouvidos de Lula. Essas coisas não costumam
ser custeadas pelo “sentimento de gratidão”. Mesmo no “território livre da
Paraíba”, os fornecedores só quitam as faturas mediante pagamento em dinheiro.
As imagens veiculadas
abaixo indicam que o evento custou caro. Como Coutinho assegurou que não há
verba pública no lance, ficou boiando sobre as águas transpostas do São
Francisco uma interrogação: quem pagou as despesas relacionadas ao megacomício
de Lula?
De duas, uma: Ou o
morubixaba do PT dispõe de meia dúzia de mecenas dispostos a financiar no caixa
dois sua campanha fora de época ou o governador da Paraíba cometeu algum
engano. Esse é o tipo de engano que costuma virar matéria-prima para ações
judiciais. Em tempos de Lava Jato, o brasileiro já não se importa com enganos.
Ele apenas não suporta ser enganado.
Do Blog do Josias