Após derrota na
Câmara dos Deputados no processo de impeachment, por 367 votos a 137, a
presidente Dilma Rousseff tem pela frente agora o julgamento do Senado. A
votação que decidirá se a mandatária petista permanece no cargo ou será
afastada por 180 dias deve ocorrer na primeira quinzena de maio.
Em meio à ebulição
no meio político, o Jornal do Commércio propôs uma reflexão sobre o processo
de impedimento e foi ouvir os três senadores da República eleitos no Estado.
Dois deles – Douglas Cintra (PTB) e Humberto Costa (PT) – são contra o
impedimento. Fernando Bezerra Coelho (PSB) é favorável.
“Meu voto será um
voto sintonizado com o povo brasileiro, que rejeita o golpe que a Câmara dos
Deputados ajudou a dar na democracia. Será contra a intenção de se tirar o
mandato de uma presidenta da República eleita pelo voto popular, que faz um
governo voltado para os menos favorecidos. Uma presidenta que não cometeu o
crime de responsabilidade que é objeto desse pedido de afastamento indecente e
sem sentido”, diz Humberto Costa.
“Após denúncia no
TCU, a presidente teve suas contas reprovadas pelo tribunal, no episódio que
ficou conhecido como as pedaladas fiscais. Naquele momento, os Procuradores do
Ministério Público comprovaram pela primeira vez que os atos do governo se
enquadravam nos crimes de responsabilidade previstos nos arts. 85, incisos V,
VI e VII, da Constituição e na Lei 1.079/50.
Como se não bastasse
a tentativa de mascarar as contas públicas, a falta de diálogo político da
presidente levou o país a um cenário de ingovernabilidade, tendo ela perdido a
autoridade e o apoio político”, diz Bezerra Coelho para justificar posição pró
impeachment.
“Existem provas do
envolvimento de pessoas do governo, mas não da participação da presidente.
Tanto isso é verdade que o pedido de impeachment não se fundamenta formalmente
nesses fatos, e sim nas discutíveis ‘pedaladas fiscais’. Já as provas que
pesam contra Eduardo Cunha, também do PMDB, e eventual ocupante da segunda
posição na linha sucessória do Brasil, são públicas, do conhecimento de todos.
Mesmo assim, não percebo vigor equivalente nas cobranças pela saída de Cunha da
presidência da Câmara, nem pela cassação de seu mandato”, diz Douglas Cintra.