A Odebrecht pagou R$ 5,1 milhões em
suborno e caixa dois a quatro políticos nordestinos para destravar as obras do
Canal do Sertão, trecho da Transposição do Rio São Francisco.
Conforme os depoimentos de
seis delatores, os valores foram repassados ao ex-governador de Alagoas
Teotônio Vilela Filho (R$ 2,8 milhões), do PSDB; ao senador e ex-ministro da
Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (R$ 1,05 milhão), do PSB; e ao
senador Renan Calheiros (R$ 500 mil), do PMDB.
O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, também considera que uma doação oficial de R$ 829 mil
à campanha do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), em 2014 foi propina
envolvendo os interesses da empreiteira no projeto.
Bezerra
Em outro trecho de sua
delação, João Pacífico afirmou ter acertado, numa conversa em 2013, pagamento
de R$ 1 milhão para a campanha do então ministro da Integração Nacional,
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
“Quando eu fui saber do
ministro Fernando Bezerra qual era a dotação orçamentária, ele disse: ‘vou me
candidatar em 2014 ao Senado e preciso de uma ajuda de campanha”, afirmou. “Eu
fui lá para saber o orçamento referente à obra. Depois que ele me disse que o
valor de 2013 não seria significativo, porque a obra só começou no meio do ano,
mas em outros anos deveria ter, foi quando disse ‘eu vou me candidatar e
preciso de um valor em contribuição: R$ 1 milhão'”, acrescentou.
Defesa
Em nota, Renan afirmou ser
“uma inconsciência” a “tentativa” de ligá-lo “às obras do Canal do Sertão”. “A
obra era gerida por um governo contra o qual eu e Renan Filho, que era deputado
federal fazíamos oposição. O fato de eu ser político nacional não muda o
contexto da política regional. Por isso, eu realmente acredito no arquivamento
das denúncias por total incoerência”, disse.
Fernando Bezerra Coelho,
também por meio de sua assessoria, alegou que não participou nem da licitação
nem da contratação da obra do Canal do Sertão Alagoano, “ambas ocorridas em
2009 – ou seja, dois anos antes de o senador chegar ao Ministério da Integração
Nacional”.