O líder do PT no Senado, Humberto
Costa (PE), foi à tribuna da Casa, nesta segunda-feira (19), e fez uma defesa
enfática do ex-presidente Lula diante do que ele classificou como um ato de
incompetência ou de extrema má-fé por parte da equipe do procurador Deltan
Dallagnol, que apresentou denúncia contra o ex-presidente na última
quarta-feira. O parlamentar questionou a isenção do trabalho e pediu para que o
Poder Judiciário julgue o caso com imparcialidade.
Para o senador, os integrantes do Ministério Público Federal
(MPF) de Curitiba promoveram um verdadeiro “show pirotécnico” para a imprensa,
em um hotel pago com dinheiro público, sem apresentar qualquer prova de crime
cometido por Lula.
Da tribuna, Humberto afirmou ser inconcebível um país que já
consumou um golpe político contra uma presidente democraticamente eleita
referendar, agora, um golpe jurídico sobre os direitos mais básicos e
elementares de todos os cidadãos.
“Pela primeira vez na nossa história, observamos a lei, as
provas e o trabalho investigativo que devem fundamentar uma denúncia serem
substituídos por um PowerPoint que virou piada até entre os críticos mais
ferrenhos do PT”, declarou.
Ponto a ponto, Humberto criticou as alegações dos procuradores
para indiciar o ex-presidente – ressaltando, sempre, a importância do trabalho
do MPF em todo o país.
Para começar, ele observou que há grave um erro evidente: se
Lula é o comandante máximo da organização criminosa, o general do esquema
batizado de propinocracia, “onde está a denúncia contra ele por formação de
quadrilha, a exata tipificação em que se enquadra alguém acusado de cometer um
crime dessa natureza? Ela não existe. E é por isso que os procuradores não o
denunciaram, apesar de o terem acusado sobejamente do crime, citando seu nome
121 vezes no espetáculo pirotécnico que promoveram”, lembrou.
O parlamentar também questionou o fato de a equipe de
Dallagnol ter usado e enviado, conforme apontou a imprensa no fim de semana,
material à Justiça contra o ex-presidente pautado fortemente na delação
premiada feita pelo ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, que foi cancelada por
ordem do próprio procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Além disso, Humberto registrou que os procuradores
denunciaram Lula por solicitar, aceitar promessa e receber vantagens indevidas
do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos
principais delatores da Operação Lava Jato.
“Só que o próprio Paulo Roberto sempre negou,
categoricamente, essa afirmação em todos os depoimentos que prestou até hoje,
incluindo a sua delação firmada com o Ministério Público. Então, eu pergunto: é
lícito adulterar a fala de um réu para tentar incriminar alguém? Eu queria
perguntar aos procuradores de Curitiba: isso não pode ser caracterizado como um
crime de falsidade ideológica?”, disparou.
Da tribuna, o líder do PT ainda disse esperar que o juiz
Sérgio Moro, a quem foi distribuída a denúncia, aja com a imparcialidade e a
parcimônia que faltaram aos procuradores. “Ou isso ou estará destruído o
edifício jurídico que erguemos no Brasil, no qual provas e fatos.